ZéGatãoVerso – Contos de Luca Fiuza Ilustrados por Eduardo Schloesser (Edição Colorida) (PDF)

Sabe aquelas coisas, fatos e pessoas que a gente solta um “Como pode eu não saber disso?!” Ou: “Como pode eu não conhecer essa pessoa?! São os raros casos em que admito o uso da interrogação junto à exclamação, porque é bem mais que uma pergunta dirigida a si mesmo, que carrega um tom de lamento, incredulidade e quase um pedido de perdão não saber de algo ou conhecer uma pessoa.

Foi o que aconteceu comigo há coisa de pouco mais de um ano, quando um amigo, excepcional escritor e desenhista-quadrinista, passou a me falar sobre Eduardo Schloesser, seu amigo, e segundo sua opinião, um dos maiores ilustradores-quadrinistas do Brasil, quiçá do mundo. Falou, falou, que um dia procurei o cara no Facebook, adicionei, mas não dei continuidade à amizade. Até que um belo dia, esse amigo me conta que foi do Eduardo a melhor ilustração sobre algo relacionado a Edgar Allan Poe. Opa! Aí a coisa muda literalmente de figura.

Apaixonado pela obra do mestre de Baltimore corri à Internet a procura do trabalho e rapidamente encontrei “A Vida e os Amores de Edgar Allan Poe”, que já vinha com a chancela do R.F. Lucchetti. Comprei e aguardei ansioso o livro. Assim que chegou, abri imediatamente e comecei a folhear, observando os detalhes ínfimos do traço a grafite do Eduardo. Há páginas que se parecem fotografias precisas, demonstrando à atenção do desenhista aos detalhes. Folheei, parando em cada página para observar cada minúcia desenhada. Apenas depois de alguns dias repetindo esse ritual, para só então passar a leitura do texto, que, aliás, me pareceu aquém do desenho, sem desmerecer mestre Lucchetti, claro. Mas é que o traço do Schloesser é tão rico que qualquer coisa perto dele simplesmente perde importância.

Nos dias seguintes escrevi uma resenha emocional e emocionada sobre a obra, fiscalizado de perto por Lizzy Borden, que sempre se deitava sobre o livro aberto e parecia me dizer (de fato me dizia), que aprovava e suas patinhas esticadas e meio dobradas me parecia que estava abraçando o livro.
A partir daí foram se estreitando os laços entre mim e Eduardo, que primeiramente me mostrou outra de suas façanhas que era a de desenhar com letras. Assim me passou a indicar seus contos e crônicas num blog que ele mantem há bastante tempo. Li com atenção cada um deles, e assim percebi que ele era também um amante dos detalhes, também em se tratando de palavras.

Numa dessas visitas ao blog deparei com um texto que não era dele, mas versava sobre o Universo de Zé Gatão. Era um texto muito bem escrito, contando aventuras do gato antropomórfico, criação maior de Schloesser. O autor era Luca Fiuza e passei a procurar outros contos dele dentro do blog. E era um melhor que o outro.

Como o Eduardo me autorizara a replicar seus contos no BarataVerso, perguntei-lhe se podia publicar esses também. Ele não apenas autorizou como endossou e passou a me indicar a sequência e os links onde estavam os demais. Assim, durante 22 dias sem falhar, publiquei ipsis litteris a saga escrita por Fiuza, acompanhado das ilustrações do Schloesser. Quando terminaram, fiquei com aquela sensação de “Ah… Eu queria mais!”.

Achei de publicar digitalmente também em PDF, mas não me saía da cabeça a ideia de que aquilo merecia estar em — como diziam os antigos críticos literários — “em forma impressa”. Durante meses a fio matutei sobre isso, até que recentemente eu firmei uma sociedade com o poeta, escritor e artista multitarefa Luís Roxo, um português radicado em Porto Alegre, surgiu-me a oportunidade, criando a BarataVerso Editora, um braço editorial do portal.

Por coincidência, embora eu nelas não acredite, lancei o primeiro livro, sem ser de minha autoria e divulguei para alguns amigos, e o Luca Fiuza me diz que tem uns contos inéditos do Universo Zé Gatão, e pergunta se eu gostaria de publicar. Não apenas concordei imediatamente, mas esse pedido me deu o estalo de publicar o “ZéGatãoVerso”. Ele adorou a ideia e me disse que iria consultar o Schloesser, que afinal, os direitos da personagem são dele.

O resumo de tudo é: poucas horas depois de receber uma ligação telefônica do Eduardo (sim, ainda tem gente que faz isso), estou aqui escrevendo a apresentação do livro impresso. Nem preciso dizer do meu orgulho em poder estar neste momento editando esta obra, e a apresentando ao distinto leitor ou leitora.

Barata Cichetto, Araraquara, SP, 19 de Dezembro de 2024.