Barata Cichetto – Troco Poesia Por Dinamite

Entre Amores e Rupturas: Por Que Relançar Troco Poesia Por Dinamite?

Por que relançar um livro de poesia cujo conteúdo já foi incluído em duas antologias (ou coletâneas, como alguns preferem)? Afinal, eu já publiquei (quase) tudo o que escrevi em poesia em três calhamaços (pomposamente chamados de “tomos”) que venderam a quantidade estupenda de três exemplares, e depois em Memórias Arrependidas de Um Poeta Sem Pudor, no final de 2023… Esse deve ter sido um estouro de vendas… Uns quatro exemplares?

Exatamente por esse motivo (claro que há outros, mas minha arrogância não me permite declinar). “Troco Poesia Por Dinamite”, como sempre brinco entre amigos, é meu “best-seller”: deve ter vendido perto de cem exemplares, todos editados artesanalmente entre 2015 e 2016. Foi, de longe, o livro que mais vendi.

Mas tenho outros vários motivos para agora buscar nos meus arquivos o conteúdo deste livro e relançá-lo quase 10 anos depois do original. E vamos a eles:

Foi o livro que mais recebeu resenhas críticas e postagens em redes sociais, com mais de meia dúzia (para esta edição, todas as que consegui estão publicadas ao final do livro).

Muitas das declarações e depoimentos que publiquei na edição original – o mesmo valendo para as dedicatórias – foram feitas e escritas por pessoas que, depois do advento do “nós contra eles”, passaram a me ignorar e bloquear em redes sociais ou simplesmente me eliminaram de suas vidas, chegando até a pedir – nada gentilmente – que eu esquecesse o que disseram sobre meu trabalho. Eu sempre fui a mesma pessoa, tanto na Internet quanto no banheiro de casa, e todos sabiam dos meus pensamentos político-sociais, mas parece que receberam ordens de odiar e fingir que não existem pessoas que não coadunam com a perversidade da ditadura pseudo-comunista. Até meus filhos entraram nessa, e simplesmente, em suas biografias, não fazem qualquer menção a terem tido um pai presente até suas maioridades. Bem, mas o que disseram sobre mim e sobre meu trabalho está perpetuado nos exemplares vendidos da edição original e vai constar nesta reedição. Eles podem ter se arrependido dos elogios – e até das críticas – ao meu trabalho e pessoa, mas eu não, de tê-los aceito.

Um dos motivos de orgulho que tenho por Troco Poesia Por Dinamite é que foi escrito em um dos períodos mais intensos da minha vida. E falo isso tanto da produção literária quanto da minha vida pessoal, entre 2013 e 2015, quando penso que atingi o ápice, não apenas da minha criação literária, mas também como homem. Resolvi a quase-equação proposta pela frase de Bukowski: ser poeta é fácil, difícil é ser homem. Nesse período, que começou em 2010 e perdurou por pelo menos 10 anos, encontrei a resposta para essa equação. E devo muito dessa resposta a Bell Giraçol, minha companheira, amante e amiga desde 2010. Sei que essa é a grande luta dos homens e dos poetas, e sou feliz por ter conseguido equacionar as duas coisas. O resultado pode ser lido no livro, cuja qualidade atesto, com grande parte retratando o momento erótico-poético pelo qual passava na época.

De todos os mais de 15 livros de poesia que lancei, Troco Poesia Por Dinamite é o que tenho maior carinho, e não apenas pelos motivos acima citados. Há um em especial: quando reuni os textos, eu tinha contato pelo Facebook com Ciro Pessoa, que, para os menos informados, foi um dos membros fundadores da banda “Titãs”. Sabendo que Ciro era também um grande poeta, venci minha timidez e pedi a ele que lesse meus textos e, se possível, escrevesse um prefácio. Ele prontamente aceitou, leu e me enviou o texto “O Campo Minado de Barata Cichetto”, que fez e sempre fará parte da minha “coleção de troféus”. Para completar, em um dos vários lançamentos que fiz no Bar do Aranha, em São Paulo, convidei-o, e ele aceitou participar, lendo inclusive poemas do livro que ele viria a lançar brevemente (tenho imagens guardadas disso). A importância desse livro se tornou gigante e muito mais emocional quando, em 2020, no auge da “Fraudemia”, Ciro faleceu devido a um câncer nos ossos. E, como foi durante a loucura político-sanitária e ele era um dos que foram acusados de “negacionista”, presenciei coisas que me envergonharam como ser humano: no dia do falecimento de Ciro, seu perfil no Facebook foi inundado de declarações sórdidas, que nem merecem ser repetidas, mas quem viveu à época e tinha algum senso crítico sabe do que falo. Diziam que isso nos tornaria seres humanos melhores. Então, entre outras coisas, a reedição de Troco Poesia Por Dinamite é, para mim, uma espécie de homenagem e, ao mesmo tempo, vingança por Ciro Pessoa.

Creio que nem preciso dizer que o intuito de relançar “desnecessariamente” Troco Poesia Por Dinamite não é financeiro, pois, se eu buscasse sustento com vendas de livros, teria morrido de fome há muito.

Enfim, Troco Poesia Por Dinamite decerto estará em poucas estantes, e, com mais certeza ainda, será lido por menos pessoas, mas sigo minha pecha de maldito – palavrinha que deu muita grana para a turma da lacração, mas que para mim tem um sentido de algo que sou, mas que não quero ser. Mas que tenho que assumir, não porque acredito ser, mas porque assim quiseram que eu fosse. E isso me lembra a historinha da mulher que era acusada de ser “puta” só porque tinha desejos eróticos. De tanto escutar que era, foi para a zona, virou profissional do sexo, como se diz, e aí… Bem… Imagine o final dessa história de acordo com sua crença. Rock and Roll, Sexo, Dinheiro… Ou simplesmente Dinamite!